terça-feira, 4 de setembro de 2012

#19

Morro é de coração despedaçado, pisado, atropelado, comido, regurgitado, vomitado, comido, atropelado, pisado, despedaçado... É isso, é bem isso! Tenho horror e nojo desse círculo invariável em minha vida, por isso o quarto, a persiana, o escuro, o escuro, o escuro.
Padeço de um amor brutal. Sim! Brutal é a palavra sim, porque se não me arrancasse um pedacinho da minha vontade, que por sua vez é gasolina de minh'alma, se não me arrancasse, aí sim, poderia até ganhar outro nome... Mas não é o caso, minha platéia imaginária, não é o caso...
Padeço de um amor brutal. Desses qual a tal qualidade aleija, e no mínimo.
Sabia e sempre soube, e agora quero achar água fora dos cactos, no meio do deserto que escolhi para o tapete do meu show? É, eu não encontro. Não encontro de forma alguma.
E a beleza? A submersa, a azul, a quieta, que me fora prometida quando assumi esse lastro que carrego tão esmeradamente... Casamento.
E vou afundando devagar, bem doloridamente, como os navios pequenos devem afundar.
Afundando na cama, me escondendo do Sol, das Estrelas que me fazem, eí psiu, eu estou aqui...
Afundando diante de um espelho que insisto em desfocar, desfocar, desfocar!
Afundando certo, numa sopa de ações e reações impossíveis de não se desencadearem "em quem se afunda", em quem mora um amor brutal, atemporal, barroco...
Morro, de coração destroçado por um equívoco.
Provavelmente por uma ladainha e por todas as ladainhas do mundo.
Morro de coração destroçado porque sei do grosso vidro que sempre colocarão entre nós, estando tão, mas tão cansada...
Me entrego ao Deserto do Escuro, da tarja preta, do sono. E Morro totalmente por hoje, está decidido. Por hoje basta desta coisa que tenho horror, da qual peguei nojo!
Quero é esquecer e desistir da dor pelo menos por hoje e mais uma vez sim! Hoje!
Amanhã é que vou esquecer de hoje...
Porque agora, bem agora, é melhor esperar o psiquiatra e seguir sendo Scarlett O´Hara.

É tempo de nostalgia #2

E se algo só seu estivesse perdido irremediávelmente no tempo, estando você perdido agora? E se... O quê fazer????? Como diria o bom e velho Heráclito, ninguém entra no mesmo rio duas vezes não é mesmo? Ninguém.




Do filme Grand Hotel


Doce e engraçada lembrança do amigo Alexandre Fidélis.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

#17






"
Bright star, would I were stedfast as thou art –
Not in lone splendour hung aloft the night
And watching, with eternal lids apart,
Like nature's patient, sleepless Eremite,
The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors –
No – yet still stedfast, still unchangeable,
Pillowed upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever – or else swoon in death."


John Keats, 1819 

domingo, 2 de setembro de 2012

#18

Dezoito por conta da Cabala, longa história... O fato é que acionei o moderador de comentários tem uma cachorra louca à solta, melhor assim, mais seguro assim...

#16

As pessoas me dão medo até pela internet, meu Deus, quanta gente louca, quanta gente agressiva, quanta gente carente, como eu, mas só que agressiva, a maioria é agressiva, somos neandhertais em matéria de comunicação via net, só agora compreendo...
Um amigo alertava que era impossível se fazer compreender plenamente sem o olho-no-olho, e acho, só agora infelizmente, que ele tinha razão.

É tempo de nostalgia #1

Da desconstrução e reconstrução de mim mesma, chega a necessidade de lembrar por último e guardar também por primevo...
Da necessidade de reencontrar, mais e mais, picaretas, tubos e conexões, argamassa, finos azulejos, cores e mais cores, tapeçaria persa, cheiros e móveis do oriente e etc, encontro o que resolvo resumir numa palavra, poesia, e num desabafado comentário, meus amigos são foda!


Desejo Infinito - Gustavo Brandão


Lendo Imóbile de Javier Contreras Arancibia... 

sábado, 1 de setembro de 2012

#15

Queria musicar minha vida, a fumaça que sai lentamente da minha boca, o entrar e sair das teclas que aperto agora, a tristeza que é tanta e que me inunda como o cantar de cigarras loucas.
Queria não falar tanto de mim, mas não consigo achar quase ninguém no fundo do MEU poço, afinal por que raios haveria alguém aqui, no meu úmido, frio e sufocante poço? Já imaginaram coisa mais sufocante do que enxergar a saída sem nunca conseguir realmente sair? Diria à minha Estrela-Verdade que ainda estou entre 2:18 e 2:47 de Toccata & Fugue de Bach. Ainda me debato porque hoje acho que morrer olhando o céu do fundo do poço é a versão plebéia do que as janelas representam para as personas de Kafka, mas não quero, nem tenho clareza para explicar isso agora... Perguntem ao Pondé, aprendi naqueles seus Ensaios dos Afetos, Contra um Mundo Melhor. Não gosto de sempre lembrar disso porque não li nada além dos ensaios do Pondé e o último, Guia Politicamente blá, blá da Filosofia, me sou muito apocalíptico, afetado, agressivo, do fundo do poço... E o assunto nem era o Pondé que ao começar a escrever estes ensaios, tão perfeitamente ligados a realidade, ou acaba numa Despedida em Las Vegas, ou acaba como mentiroso, sei lá.
Também não quero pensar sobre o Pondé, ou sua mania, porque pensar sobre cada hipocrisia sórdida reinante em nosso cotidiano, como ele fez, a mim seria impossível, um montão de comprimidos finalizaria o meu trabalho, morreria.
Queria musicar minha vida justamente para não ter que pensar tanto nela, e para que ela não restasse tão imóvel, tão pútrida, Templo de Ártemis enfim engolido pelo pântano, irrecuperável mas inesquecível. Fantasma colado às paredes, às coisas.
Queria mesmo deixar de ser tão narcisista, mas no momento é impossível.
Ando perseguindo o Sol pela casa, abrindo cortinas, não janelas, porque estou tão cansada, mas tão cansada, e a tarefa é mesmo impossível, e não me decidi se tenho mesmo que lidar com isso.
Estrelas continuam aparecendo, tão, mas tão brilhantes, poços de criação contínua...
Elas me movimentam.
Queria musicar minha vida para que todo grito afinal saísse do silêncio, solto de mim, a criar comida para quem quer se alimentar, como fazem as Estrelas...

http://ladobspace.blogspot.com.br/2012/08/transleitura-rizomatica-tecitura-de.html